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eclética, plural e poética

o futuro, uma miragem

Clarisse Lyra

 

amiga, eu tô no futuro

 

ele cheira a macadâmia e ervas

pequenas especiarias fumadas 

e nanquim

é um pouco frio, então 

jogo uma echarpe clara

sobre minha blusa

preta, aquela que pensei em fazer

quando sonhei cruzar o atlântico 

o futuro tem mistério e pequenos vidros

embaçados

as pessoas são quietas e sorridentes

os animais, afáveis 

como no sonho de rocamora

estranhos prazeres noturnos nos traz

o futuro

passeios ao léu pelas ruas da cidade desconhecida]

nenhum medo, nenhuma apreensão

compro doces com figo e cardamomo

como lentamente enquanto

um moço bonito me olha sem lascívia

nenhuma agonia

o amor é doce e perfumado

cristais de açúcar de fruta

amanhece devagar, o céu 

tem a coloração de maçãs

e no futuro 
tudo tinha sido 
transformado
e os peixes
— duas piabas —
saíam da água
só para se beijar


 

uma paisagem que se distancia 

quando você pensa 

se aproximar

 

 

se não agora,

quando?

 

Edição: Luiz Eduardo Freitas

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Clarisse Lyra é poeta, tradutora e revisora.

clarisse_lyra@hotmail.com

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